Muito antes do Sam Raimi ficar mundialmente famoso (e com certeza, milionário) com a trilogia do Homem Aranha, ele iniciou sua carreira cinematográfica com filmes de terror, e seu “debut” foi com o clássico Evil Dead, que recebeu no Brasil dois nomes diferentes, primeiro a tradução tosca de A Morte do Demônio e depois o nada a ver Noite Alucinante. Como a grande maioria deve saber, o filme possui todos os clichês dos filmes de terror da época, um grupo de jovens amigos que resolve passar uma temporada numa casa abandonada no meio do nada, e acabam encontrando no porão da mesma o Necronomicon, o livro dos mortos, feito de pele humana e escrito todo em sangue e que, além de levar à loucura qualquer um que o leia, ainda tem o poder de conjurar demônios.
E é o que acontece no caso, um demônio aparece e começa a matar um a um, com um banho de sangue e a clássica cena de um deles sendo arrastado pela floresta, com a câmera acompanhando seus movimentos em primeira pessoa. É tosco, até pelos padrões daquele momento, mas trata-se de um dos melhores filmes de terror de todos os tempos, pois lembro até hoje que, por volta dos meus 9 ou 10 anos, a molecada fez uma operação de guerra para conseguir alugá-lo e assisti-lo.
Movido por esse sucesso, e pela melhora do orçamento, Sam Raimi resolveu alguns anos depois refilmá-lo, dando-lhe o nome criativo de Evil Dead 2 (aqui apenas Noite Alucinante 2, enterrando definitivamente o nada comercial A Morte do Demônio). Novamente com seu melhor amigo Bruce Campbell no papel de Ash, pôde melhorar um pouco os efeitos especiais, mas fica bom frisar o pouco, pois filme de terror que se preze precisa ter baixo orçamento. Por outro lado, ele ficou menos sério, como dá para perceber na incrível (e pode substituir essa palavra por qualquer outro superlativo que se encaixa bem) cena que a sua mão cria vida, ele a corta com uma serra elétrica e a mesma sai correndo (?!) até se esconder. Definitivamente, um dos momentos mais lindos da história do cinema.
Até que, quando tudo parecia acabado, surge aquele que é, para mim, os dos melhores filmes até hoje feitos e que, infelizmente é raríssimo de ser encontrado, nem acredito que exista em DVD no Brasil, pois eu nunca o encontrei, mas graças à internet consegui baixá-lo, que é o Army of Darkness, conhecido aqui por Noite Alucinante 3. Depois de abrir o Necronomicon e tudo o mais, Ash é tragado por um vortex temporal e jogado em algum lugar em alguma época medieval, adicionado de diversas pitadas do sobrenatural, onde ele é primeiro tratado como um escravo, depois como o prometido pelos deuses e finalmente como um comandante do exército. Daí começa um festival de cenas “trash” e “non sense”, como a briga no moinho com suas versões em miniatura, seu corpo que se divide em dois, o exército de esqueletos e tudo que você possa imaginar.
Tudo isso acrescido de um personagem (não dá pra chamar o Ash de herói) canastrão à última potência. Prepotente, arrogante, com uma serra elétrica no lugar da mão e realizador de proezas que deixariam Chuck Norris de queixo caído, mais uma vez a dobradinha Sam Raimi e Bruce Campbell nos brinda com uma obra prima do cinema. E dessa fonte Tarantino e Rodriguez beberam até não poderem mais.
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