Quando eu comecei musicalmente a prestar atenção no Queen, estava no que antes se chamava oitava série e o Freddie Mercury já estava quase morrendo. Tanto que, alguns meses depois, foi o primeiro CD que eu comprei (não LP, que já tinha alguns), o Greatest Hits II, que já me acompanhava havia alguns meses em forma de uma fita cassete.
Ao chegar ao Via Funchal, ficou claro que nenhum dos que esperavam a casa abrir ligavam para o que se dizia por aí, que se tratava de um caça níqueis, que o Queen era somente o Freddie, que eles deveriam mudar de nome. Eles queriam era ver e ouvir o Brian May e o Roger Taylor. Naquele momento, isso bastava.
Pontuais como todos os britânicos devem ser, às 22h começou um espetáculo de luzes e sons, prenunciando a entrada ao palco daqueles velhos senhores que, aos primeiros acordes de Hammer to Fall, puseram a casa abaixo.
Foi uma catarse! Nunca vi num show tanta gente cantando junto, chorando e se emocionando. Se o Queen de hoje não tem mais a voz e o carisma do Freddie, ainda tem os riffs perfeitos do Brain e o também carisma dele e do Roger. O set de 2 horas e meia passou por diversas fases da carreira da banda, desde as antigas até a nunca executada ao vivo (com os vocais do Freddie) The Show Must Go On, para mim umas das canções mais perfeitas da história e que, se não foi capaz de arrancar de mim uma lágrima de emoção, nenhuma outra conseguirá.
Além disso, foi possível ouvir músicas das bandas do Paul Rogers e algumas do álbum novo que, se não tem cara do Queen, são sim muito boas, funcionando bem ao vivo, principalmente a emocionante Say It´s Not True, iniciada na voz rasgada e única do Roger.
Hits não faltaram, como Crazy Little Thing Called Love, Under Pressure, Radio Ga Ga (com direito às palmas), Bohemian Rhapsody, We Will Rock You e We Are The Champions, todos cantados à plenos pulmões por praticamente todos os presentes.
Daí voltamos ao assunto de que o Queen sem o Freddie não é Queen, blá, blá, blá. Mas, ficou claro que esse foi um show feito para os fãs e, se os fãs foram e gostaram, o que os “críticos profissionais” têm que ficar batendo nesta tecla o tempo todo?
Voltando para casa, uma coisa não me saia da cabeça: se, com meio Queen, este foi o melhor show da minha vida, entre dezenas dos quais já vi, qual deve ter sido a sensação de ter visto um Queen inteiro? Alguém sabe onde tem uma máquina do tempo disponível?
Um comentário:
"Greatest Hits 2" é um dos LPs (e depois CDs) que mais escutei na vida. Só escutei mais os (todos) do Dire Straights.
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