quinta-feira, julho 03, 2008
Existência
Eu só queria um pouquinho de chocolate no meu copo de vinho e uma pedra de gelo a mais no meu Jack Daniels; que a azeitona viesse sem o seu caroço e o azeite fosse virgem, como aquela garota que eu conheci na mesa daquele bar algumas noites atrás; que a canção que me acompanha desde a manhã acompanhasse o meu humor e me trouxesse à superfície, para uma última lufada de ar antes de me enroscar para sempre por entre os corais coloridos do oceano de lágrimas injustamente choradas por mim; que meus sonhos fossem um pouco mais vívidos e meus pesadelos doessem menos que os ossos quebrados na queda do castelo de cartas, formado apenas por rainhas nuas e ensandecidas; que o amanhã durasse para sempre e o hoje nunca chegasse; que minhas víboras picassem cada face beijada, com o rubor da paixão tímida e platônica; que a sinfonia de vozes roucas e desafinadas me acordasse; que as ninfas servissem-me ambrosia num prato de louça e Pan ensinasse-me seu ofício; uma dose a mais, uma gota a menos.
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Um comentário:
Que negócio é esse de virgem? Ainda se fosse uma puta, vá lá... ;)
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