Ontem, noite chuvosa de feriado, fui até o cinema assistir ao filme 'Minhas Adoráveis Ex-Namoradas', nome ridículo para uma comédia romântica que nada mais é que uma adaptação moderninha para o 'Um Conto de Natal' de Dickens, com a mudança do pecado, trocando a avareza pela luxúria.
Comédia levinha, bem divertida, com passagens engraçadas, muito romance água com açúcar, final feliz e previsível, enfim, programa muito recomendado para um dia dos namorados ou pessoas que acreditam que o amor muda tudo e supera qualquer coisa.
Mas, não é sobre isso que quero falar, sobre amor paixão e o caralho, porque eu ainda sou uma pessoa solteira, sem vontade de namorar e tudo isso aí, mas teve uma passagem do filme que me tocou, super rápida, mas que me atingiu. No final do filme, no brinde do padrinho, o personagem principal, solteirão convicto, fala para o irmão, noivo e único parente vivo, que ele está feliz com o casório e que os pais deles, onde estivessem, estavam felizes com tudo isso.
Estou numa fase bem complicada profissionalmente, mas tudo isso se amplifica assustadoramente quando parte do fato que nos últimos anos eu trabalhei com toda a minha família, ou seja: pai, mãe e irmãos, num mesmo e problemático ambiente profissional, gerando um caos que, inevitavelmente afetou o relacionamento familiar. E muito.
E para mim tudo isso é uma grande merda, porque eu amo a minha família, sempre tivemos um relacionamento muito bom apesar de tudo e, de uns anos para cá, este relacionamento veio ruindo ao ponto de eu brigar todos os dias com eles e precisar sair da empresa e de casa pra não virar um problema maior.
Hoje estou num momento de transição. Morando em SP, trabalhando meio que sozinho (ainda ajudo algumas coisas lá) mas ainda não consegui eliminar meus demônios interiores. E me dói muito quando eu vejo momentos em que a família se reúne com alegria e paz, pois eu já me esqueci do que é isso. E é a coisa que eu mais sinto falta na minha vida.
Hoje é dia dos namorados? Dia de falar ou demonstrar sentimento? Falar sobre amores?
Ótimo, então eu falo sobre isso, não tenho pudores. Já tive diversas namoradas, todas as vezes que eu disse "eu te amo" foi do fundo do meu coração e de todas elas eu trago ótimas lembranças. Mas o maior amor da minha vida é a minha família e, por mais que eu reclame deles, brigue, xingue, perca a paciência, é aquela porra da dualidade amor e ódio.
O principal motivo que eu odeio a situação pelo qual eu passo não é a falta de grana ou ter que trabalhar muito e aguentar humilhações e ironia das pessoas, mas sim o que tal fez com a nossa relação familiar. A pior merda da minha vida hoje é não conseguir sentar numa mesa para jantar e conversar qualquer coisa que não seja trabalho ou lamentações provenientes dele.
Então, dói demais ter que mudar da cidade e não ter vontade de visitá-los. Dói ficar longe dos meus pais, meus irmãos e meu sobrinho. Dói mais ainda saber que quando eu os encontrar, agora, nada vai ter mudado e o clima vai estar pesado, e que não haverá nada de bom para conversar. Mas é isto que me faz lutar. Não quero ficar rico, não quero ganhar fortunas nem atingir algum posto de status, eu quero é enterrar tudo isso e recuperar o que eu já tive.
Quero conversar com meus pais numa boa, ir a jogos com meu pai e meu irmão, ficar falando sobre minha vida com minha mãe, ir a shows com meus irmãos e, finalmente, poder curtir o meu sobrinho em paz. No fundo, é para isso que eu luto. Se eu tivesse a escolha de abrir mão de qualquer coisa na minha vida para conseguir isso, eu faria, imediatamente, sem qualquer concessão. Abriria mão de qualquer sonho, de qualquer conquista extra, para resolver toda esta questão, pois não há dor maior que ver tua família desmoronar e você não poder fazer nada. Bom como, creio, não há alegria maior do que vencer tudo isso, unidos.
6 comentários:
everything is gonna be alright....
=)
Eu sei, my dear, o pior eh que eu sei bem. E não há fada madrinha, nem varinha de condão. O pior é que sei que não há palavra no mundo que conforte, a não ser: estive ai, ainda estou, de um certo ponto de vista. Dói, muito. E é uma dor que a gente tem que aprender a lutar, sempre. É igual insônia, num tem remédio, tem que se aprender a controlar...
A parte boa é nas noites que o sono some, vc sabe que tem com quem contar, com sua outra família.
bjs
Espero que tudo se resolva logo! Estou na torcida.
Beijo
Isso é uma fase... tudo passa!!!
=) Be Happy!
=*
é amigo...eu sei exatamente o que vc sente, e vc tbm sabe que o clima pesado, os assuntos e tudo mais rolam aqui tbm! qualquer semelhança é mera coincidencia...lol
Trabalhar em familia realmente não é facil, o respeito some, a paciencia tbem, elogio é algo que não existe... seu trabalho e esforço nunca são suficientes, e quem tem espirito livre é sempre mal interpretado...e vc ao meu ver é privilegiado, pois além do espírito livre ainda teve peito pra sair de casa again e encarar tudo novo... again! :)
É fatal que vc se sinta dessa forma, pq acima de tudo existe amor nessa relação e é recíproco, por mais estranho q seja...
Mas antes sair pensando dessa forma, do que sair pensando em deleta-los da sua vida, conheço casos em que esse ponto chegou e certamente são muito mais doloridos. Ainda há esperança... You must believe in that! :P
Te admiro pela sua coragem em sair e mais ainda por assumir o q sente e não ter vergonha de expressar, eu posso imaginar o quão confuso e até por vezes culpado vc pode se sentir, mas ninguém pode passar por isso por vc... sinta-se privilegiado! Num futuro não muito distante, vc estará sentado com seu pai, seus irmãos, assistindo a um bom futebol, regado aquele almoço gostoso de mãe, com seu sobrinho lindo correndo pra la e pra ca...
Isso é a vida!
Se cuida menino! beijo... ;)
Passando pra inaugurar meus comentários no teu blog! Grande abraço, saudades, vontade tomar umas Original (que a gente vai ficando velho e seletivo, pelo menos na cerva...hehehe)
E quanto a crise, de coração, não tenho o que aconselhar. Conselhos são uma merda! kkkk!! E esse é um conselho de amigo. Valeu queridão
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