quarta-feira, novembro 24, 2010

O que é ser Paul McCartney?


Que o show do Paul McCartney foi apoteótico e inesquecível, não preciso dizer, pois já dito milhares e milhares de vezes nos últimos dias. Também não é preciso ficar repetindo que os presentes em algum (ou alguns) dos shows nunca mais esquecerão daquelas três horas.

A questão é: se alguém tinha alguma dúvida, não deveria ter mais, pois é claro que Paul McCartney é o maior artista vivo. Mais do que isto, ele é uma entidade que transcende a humanidade, sendo, na minha opinião, uma das duas únicas e últimas pessoas vivas que se encaixam isto (a outra é o Pelé).

Isto porque ele é foi essencial na construção daquilo que conhecemos como cultura pop, não apenas inspirando quase tudo que se fez no rock, mas também na moda, personalidade, televisão, cinema, entre outros. Compôs letras e melodias que fizeram ou fazem parte da vida de bilhões de pessoas. É um dos rostos e vozes mais conhecidos do mundo, há pelo menos 45 anos. Sem contar que é bilionário, pois o simples fato dele acordar pela manhã vivo já gera mais dinheiro que muitos de nós jamais sonharam ganhar.

E onde eu quero chegar? O cara é o mais próximo de uma divindade que existe e igual a ele não vai mais existir ninguém, e mesmo assim, no alto de seus 68 anos ele mostrou, durante toda a apresentação, um carisma e uma humildade inigualável, muito diferente do que a gente vê por aí, de 'artistas' que no alto de seus dois álbuns gravados se acham os maiorais e que podem esnobar qualquer um.

O que é ser Paul McCartney? Para nós, reles mortais, é ser um Deus na Terra, é ser uma das pessoas mais famosas, importantes, talentosas, influentes ainda vivas mas, para ele, é apenas ser James Paul McCartney, pai, avô e músico. Nada mais. E talvez por isso que ele seja quem é, pois em nenhum momento deixou a fama subir a cabeça e mudar seu comportamento. E como eu sei? Eu estava no domingo lá, vendo um senhor de 68 anos tocando e cantando por 3 horas, como se fosse um jovem num palco em Hamburgo ou no Cavern Club, tentando fazer da música a sua profissão.

E que me desculpem os fãs, uma vez que o Paul sempre foi meu Beatle preferido, mas se o John estivesse vivo, com certeza ele seria um velho pedante e arrogante, fazendo coisas estranhas e protestando contra tudo e todos, mais ou menos como um Caetano Veloso britânico. Muito diferente do que vimos nestes três shows. 

Vida longa aos Beatles, vida longa a Sir Paul McCartney.