quarta-feira, março 31, 2010

Efeito Dourado

Aviso: este é um post polêmico.

Em julho do ano passado eu escrevi um post falando sobre homens modernos e tal, e gerou uma polêmica interessante, além da hashtag #MachoDeRespeito. E agora, após algumas conversas no MSN, deu vontade de escrever sobre o assunto de novo. Mas é bom ressaltar que eu não sou um ogro desrespeitador e violento, e sim uma pessoa com opiniões contundentes e até certo ponto ácidas.

Ontem acabou o tal do BBB10, que eu só assisti por causa da Veri, e o vencedor foi o Dourado. Não torci pra ninguém, acho que lá é um mundo irreal, onde todo mundo é marombado, gostosão e bem sucedido, mas percebo que a vitória dele demonstra algo.

Antes de tudo não vou tocar no assunto dele ser ou não homofóbico, pois não assisti o suficiente para perceber, apenas acho que, assim como muitos brasileiros que não estão habituados a conviver com homossexuais, ele ficava chocado e incomodado com certas coisas.

Porém ele foi muito chamado de machista, grosso, tosco, chucro e outros adjetivos pela sua forma de agir, e daí eu não concordo. Tal como eu já disse antes, o homem está cada vez mais feminilizado. Quando as mulheres assumiram o lugar que lhes cabia na sociedade - que é ao lado do homem, nem a frente, nem atrás -, começou a serem exigidos e impostos ao homem algumas condições.

E o que era pra ser uma coisa boa, pra amenizar certas atitudes masculinas, acabaram sendo levadas aos extremos, e o homem suavizou demais. Ficaram submissos, sensíveis demais. Mudaram as preocupações, e estas passaram a ser cada vez mais parecidas com as femininas. Cada vez mais o homem que frequentava boteco, ia ao futebol, via filme de explosão e de sangue, comia carne com gordura passou a receber a pecha de tosco e bronco. Afinal homem culto e inteligente é aquele que assiste filmes iranianos - e chora -, não liga pra futebol - eu juro que não vou fazer piadinha com sãopaulino -, vai na manicure e é vegetariano.

Sabe, nem tanto ao céu, mas nem tanto à terra. Tá na hora de diminuir esse patrulhamento e respeitarem mais as diferenças entre os sexos. Diferenças são coisas saudáveis e longe de serem agressivas e preconceituasas. As coisas precisam ser mais leves, pois hoje temos uma geração de homens frouxos e com medo das mulheres. E isto é ruim para todos.

E na verdade, com todos os seus defeitos, o Dourado é meio que uma ruptura disso. Um cara que não chega a ser troglodita, mas que é firme nos seus preceitos e sem muita frescura, parecendo grosso por isto. E isto incomoda. E fascina. Porque um pouco de testosterona não faz mal pra ninguém.

quinta-feira, março 25, 2010

Filme A ou B?

Esta semana assisti dois filmes com muito e pouco em comum. Em um primeiro momento, 'Strippers Zombies' e 'Garota Infernal' são semelhantes, pois são histórias de terror, monstros e sangue, e apelam pra protagonistas gostasas, sensuais e com pouca roupa. Mas as semelhanças acabam aí, se não fosse por um detalhe involuntário que logo citarei.

O primeiro, 'Strippers Zombies', como o próprio nome entrega, foi feito para ser um filme B, e é fácil encontrar muitos indícios claros disso: A filmagem é meio tosca, os diálogos exagerados, o visual forçado. Já o roteiro, não há muito o que dizer, é um soldado mordido por um zumbi, que se esconde numa casa de striptease, e daí começa a putaria! Um mordendo o outro e, por algum motivo-não-motivo, que serve apenas pra dar graça ao filme, as mulheres quando transformadas em zumbis permanecem com a consciência.

Com isso começa um festival de cenas escatológicas, stippers com pouca - ou nenhuma - roupa, dançando no palco cobertas de sangue e em decomposição, para delírio dos caras, que se esbaldam com o espetáculo. E neste meio, não faltam outras características clássicas de filmes do gênero, como tiros, pedaços de corpo explodindo, gente morrendo aos pedaços.

Os atores? Perfeita as escolhas do eterno Freddie Krueger, Robert Englund para o papel de dono da casa e da ex-atriz pornô Jenna Jameson como a stripper mais gostosona - e mais desinibida. Afinal, quem procura um filme B de terror, não quer um roteiro bem construído e lógico, e sim muito sangue, cenas engraçadas - de preferência com humor negro - e mulheres com pouca roupa. Filme muito bom.

Já o 'Garota Infernal', nome engraçadinho e tosco, como de costume, que foi dado para o filme 'Jennifer's Body', apesar de ser um filme também de terror, buscava outro mercado. Para começar, o roteiro foi escrito pela ganhadora do Oscar com 'Juno', Diablo Cody e o papel principal coube à Megan Fox, uma das novas queridinhas e capa de dez entre dez revistas de cinema e para o público masculino - entenda-se, não revistas de mulher pelada - no último ano. Todo essa bagagem credenciava o mesmo para o sucesso. Não sei se o filme se pagou ou não, mas uma coisa eu posso dizer: ele é uma piada!

O roteiro é ridículo! Uma gostosona líder de torcida e sua melhor amiga nerd vão para um show de rock, num buraco qualquer, que pega fogo e, do nada, ela é convidada pelo vocalista da banda para 'ir com eles na van'. Horas depois ela retorna suja de sangue, esquisita e vomitando petróleo. Conforme o filme passa, a amiga nerd descobre que ela foi parte de um ritual mal sucedido de magia negra, e que um demônio dominou seu corpo e ela precisa de sangue humano pra rejuvenecer.

Então se sucede uma sequência de cenas igualmente toscas, efeitos especiais fracos, muito sangue e, principalmente, uma história extremamente idiota. Vergonha alheia total.

Certo, agora vem a questão. Pelo que eu descrevi, os dois filmes são semelhantes, mas um é bom e outro ruim. Qual é a lógica? Simples, o 'Stippers Zombies' foi feito para ser um filme B, com orçamento baixo e nenhuma preocupação em ter um roteiro que faça sentido. Por outro lado, 'Garota Infernal' é um filme de Hollywood, com grana, roteirista premiada, atriz conhecida e nenhum interesse em ser um filme B. Mas acabou virando, da pior forma.

Assim, se você quiser fazer um filme B, ou homenagendo o estilo, faça direito, do início ao fim, e não esconda isso de ninguém, pois corre o risco de acabar fazendo merda.

segunda-feira, março 15, 2010

Some Days Will Never Return

Where do we go, nobody knows
Don't ever say you're on your way down, when..
God gave you style and gave you grace
And put a smile upon your face, oh yeah

Hoje eu fui tomar umas cervejas com o Fábio Mendes, conversar sobre futebol, besteiras, futebol, amigos e claro, futebol. Como eu trampo no Centro e ele mora na Praça da Árvore, marcamos um ponto intermediário, a Rua Augusta. E como marcamos um lugar para nos encontrar, escolhemos o Charm. Sentamos, bebemos e falamos.

Quase na hora de irmos embora, fui ao banheiro, que fica no andar inferior. Desci as escadas, e de repente tive um 'insight'. Por um segundo, vi no canto uma mesa comprida, com diversas pessoas sentadas, com CDs caseiros em mão, conversando alto e bebendo. Fechei os olhos, e quando abri já não havia mais nada. Subi as escadas e comentei com o Fábio, e ele me disse ter sentido a mesma coisa.

Pois é, o que eu me referi foi o dia 20 de dezembro de 2003, quando naquele mesmo Charm, naquele mesmo andar inferior, perto dos banheiros, um grupo de amigos, alguns recém conhecidos, outros que já haviam se visto uma ou duas vezes, se encontravam para uma celebração de final de ano, com um amigo secreto de CDs gravados.

E juntos, eu e o Fábio concluímos que aquele dia foi daqueles que, quanto mais o tempo passa, mais parece que ele não existiu, e sim que foi um sonho, ou um devaneio, de tão perfeito que foi. É daqueles que se fosse possível, eu voltaria no tempo para revivê-lo cada vez que eu estivesse triste, carente ou solitário. Ou então para acreditar na amizade, e que dias podem ser inesquecíveis quando se está com pessoas que você gosta.

Mas o mais bacana é que, daquele dia muitos ainda são amigos, e outros surgiram. E posso afirmar que aquele dia foi primordial na minha decisão de mudar para essa cidade caótica, cinza e abarrotada chamada São Paulo.

domingo, março 14, 2010

Axl Rose, Ontem e Hoje


O Ronaldo foi puta jogador, jogava muito, resolvia os jogos, fazia jogadas incríveis. Quando jogava, interagia com o time, fazia tabelinhas, enchia os olhos da torcida. O tempo passou, ele se arrebentou, ficou gordo e, além disso, cheio de regalias. Joga quando quer, é uma peça deslocada no meio do time corinthiano, vivendo de jogadas individuais e um outro lance. Porém, apesar de tudo isso, de muitas vezes ferrar com o time durante o jogo, tem ainda 'flashs' de genialidade.

Mas para, o que o Ronaldo tem a ver com o Axl Rose? Mais do que se imagina! Ambos estão gordos, ultrapassados, mas ainda acham que são o máximo, por causa de um ou outro momento incrível. O show do Guns neste sábado, em São Paulo, foi bom, mas apenas isso. Se fosse uma banda qualquer, seria um show bem legal, mas daí eu tenho a lembrança do que esta banda já foi e não há como esconder a decepção.

Só que esqueceram de avisar isso ao Axl. Ele corre, agita, mas termina uma música, ele desaparece atrás do palco, pra fazer sei lá o que, enquanto a sua banda fica enrolando, com sonzinhos eletrônicos, solos cansativos e, pior, silêncios. A banda fica amarrada nele, aos seus gostos, as músicas não são ligadas uma nas outras, o que broxa um pouco.

Daí, entre este monte de ruído, e uma infinidade de canções do Chinese Democracy - dentre as quais só se salva Better -, surgem pérolas como Sweet Child o Mine, Paradise City, Welcome to the Jungle, November Rain, You Could Be Mine. Muito bem executadas, apesar de ser meio constrangedor para um músico tocar algo composto por outro e não ser uma banda cover, estes clássicos empolgaram o estádio, lotado. Daí, em diversos momentos, principalmente no final, somos relembrados que o tempo passou, e a voz do Axl sumia.

Valeu como fato histórico, principalmente porque Guns n Roses foi peça fundamental na lapidação da minha alma roqueira. Mas eu esperava mais.

Curtas:

- Foi o primeiro show grande que fui na minha casa, e foi diferente estar naquela arquibancada não para ver um jogo, e sim um show de rock. Mas é legal, porque são dois dos meus amores.

- O show do Sebastian Bach foi um brinde incrível. O cara estava lá com um tesão incrível, as músicas de sua carreira solo são muito boas e as baladas do Skid Row são lindas. Além disso, a voz do cara continua a mesma.

- Sr. Axl Rose, quem compra ingresso para ver um show do Guns não quer ouvir o Chinese Democracy na íntegra, estamos conversados?

sexta-feira, março 12, 2010

Luto

Fábio Rex

quarta-feira, março 10, 2010

Uma Vida em Retalhos

No meu aniversário eu ganhei da Veri uma edição do 'Retalhos' do Craig Thompson. É uma obra acima de tudo ousada, por dois motivos. Um que é uma auto biografia, o que é algo complicado de se fazer, pois expõe muito, feridas abertas, decepções, segredos, traumas. O outro, e talvez mais difícil de lidar, é que a história foi escrita quando ele tinha menos de 30 anos, ou seja, todos os fatos eram relativamente recentes, os personagens ainda estão vivos, a exposição é ainda maior.

Talvez até por isso o roteiro é tão fascinante, porque os acontecimentos ainda estão frescos e são parte de uma época que eu e muitos de vocês viveram, afinal o autor nasceu em 75, apenas 2 anos antes de mim. E, com desenhos caprichados, a leitura rendeu e devorei tudo em uma tarde.

É uma história simples, sem grandes inovações, cujo mote é como a culpa cristã atua na vida de uma pessoa. O terror da dualidade Céu-Inferno, a rigidez no tratamento dos filhos pelos pais, a rotina rígida de frequentar a igreja, a figura do Deus vigilante e punitivo e, principalmente, a culpa pelos prazeres 'mundanos'.

Existe uma passagem muito boa, onde o autor comenta na Escola da Igreja que quer fazer uma faculdade de arte e um outro aluno comenta que tem um irmão que foi para uma dessas, e logo no começo teve que pintar pessoas nuas, depois se afastou do cristianismo e no final, meu Deus, virou homossexual. É um mundo a parte, fechado, mas ao mesmo tempo muito perto e presente.

Vale conferir, é uma leitura bem agradável!