terça-feira, junho 30, 2009

E Porque no Final É Quase Tudo Sobre o Amor. Ou Alguma Coisa Perto Disto

Qual a receita de um bom filme? Calma, eu não estou falando daquelas obras primas, que surgem uma vez na vida, com um tema completamente inovador e que explodem o cérebro de quem assiste, mudando suas vidas para sempre e tornando-se atemporais. Não, eu falo bem menos do que isto, eu falo de um bom filme para mim, uma pessoa ‘comum’, que não conhece mais do que cinco diretores, que assiste mais filmes no DVD do que no cinema, mas que, por outro lado, adora se emocionar, se divertir ou se aterrorizar com eles.

Houve uma época da minha vida em que o filme precisava ter explosões ou lutas ou aventura ou mortes ou tudo ao mesmo tempo. Mas eu me cansei disto, ainda assisto alguns destes gêneros, mas estão longe de ser uma aposta certeira. Porém, eu acredito que não exista necessariamente uma receita, como de bolo, para ser fazer um grande filme, mas alguns quesitos ajudam em muito.

Um filme que nos divirta é sempre muito bem vindo. Claro, adoro alguns densos, mas nem sempre é o horário. É aquilo que chamo de filme de domingo a noite, quando você não está necessariamente a fim de pensar muito, apenas imergir numa história ficcional por aproximadamente duas horas, de pessoas imaginárias em situações imaginárias, mas que arranquem de nossos rostos carrancudos e cansados um sorriso.

Um bom roteiro também ajuda muito. Dá para ser bom sendo óbvio e dá para estragar uma história inovadora, mas convenhamos que sair do básico é muito interessante. Novidades, situações imprevisíveis, nada que nos deixe com um gosto de café requentado na boca.

Também gostamos de nos identificar com os personagens. Quando os vemos com problemas, dúvidas, angústias, sofrimento, conquistas, alegrias semelhantes àquelas que vivenciamos, temos uma tendência a nos apaixonar por eles, a torcer ou sofrer por e com eles. Afinal, todos nós passamos por estas sensações no decorrer de nossas vidas, mas temos a tendência egoísta de achar que tudo é conosco e apenas conosco, principalmente as situações mais amargas. E, vermos cenas que presenciamos na tela de uma TV ou do cinema nos faz sentirmos mais humanos.

Encaixando tudo isto, uma ótima trilha sonora. Canções que se encaixam em cada situação, que amplifiquem a emoção, tornando parte do universo retratado. Uma canção que nos faça sorrir ou que nos faça chorar. Porque a música tem esse poder, esse dom mágico de atingir a parte mais inatingível de nossa alma e arrancar nossos sentimentos à força.

Porém, precisamos de atores carismáticos e com química, pessoas que olhemos e nos espelhamos. Homens e mulheres que nos façam desejá-los, loucamente, e não porque eles são maravilhosos deuses gregos do photoshop, mas sim porque são normais, e isto é o que mais nos atrai.

E, finalmente, o amor. Sempre ele. O maldito amor. O bendito amor. O amor que constrói e o amor que destrói. O amor da certeza e o amor da dúvida. O amor puro e o amor turvo. O amor que você ama e o amor que você odeia. O amor, ou alguma coisa perto dele.

Sofremos com os personagens porque sofremos em nossas vidas. Também perdemos nossos amores, deixamos eles escapar pelos nossos dedos, como a areia levada pelo vento litorâneo, em direção ao mar. Sofremos porque fazemos merdas, insensatas e impensadas, que maculam tudo o que um dia foi perfeito e puro. Sofremos porque vemos a porta de nossas vidas abrir, o amor sair por ela e batê-la, para nunca mais abrir.

Mas também nos deleitamos com o primeiro amor, o primeiro verdadeiro amor, aquele que, ao sentimos, percebemos imediatamente que todos os que anteriormente vivemos não foram o que achávamos que eram. Sentimos borboletas no estômago e frio na espinha, mãos suadas, voz fraquejante e frases desconexas, a perda do senso crítico. Sentimos também a redescoberta do amor, o árduo trabalho de remover toda a rocha que cresceu em volta de nosso coração, deixando o rubi lapidado e brilhante para, então, perceber que a vida continua, que sempre há espaço para mais felicidade, basta deixarmos. E sabermos ler nas entrelinhas e nos pequenos detalhes da vida.

Muitos filmes já vi que se encaixam neste modelo, daqueles que você termina e pergunta ‘por que não posso ter uma vida dessa para mim’, mas dois são especiais. O primeiro é ‘Elizabethtown’, pois a primeira vez que eu o assisti, foi um tapa na minha cara, por estar num momento depressivo e solitário da minha vida e por mostrar que existe vida após o final no poço, basta sabermos deixar a vida fazer a sua parte. É um vídeo que agora faz parte da minha videoteca e que, com certeza verei e reverei novamente. E, como todo bom filme, o melhor não é o roteiro em si, e sim as pequenas partes.

Partindo disto, duas me são extremamente deliciosas. A primeira é a conversa que ambos tem por celular, que dura horas e horas, sem nunca acabar. Quem já se encantou por alguém sabe o que é perder horas num único telefonema e, assim que desligar, ficar com aquele gostinho amargo de quero mais. O segundo é a parte da viagem final, com as músicas e o mapa. Primeiro pelas canções em si, por eu ser um verdadeiro fanático por música e o segundo, pela sensação de liberdade de dirigir horas e horas a fio, sozinho, sem nada em que pensar e sem saber para onde a estrada vai te levar. Prometi, com isto, a mim mesmo, que assim que acertar a minha situação, farei uma desta, levando comigo apenas muitas canções, um mapa e o incerto, parando em cada ponto que me identificar para jogar as cinzas de uma era espinhosa, mas que moldou meu caráter. A despedida de uma vida e a celebração de uma nova era. É o roteiro que eu gostaria de ter escrito, se tivesse capacidade. E não exagero quando digo que é o filme da minha vida.

O segundo que me atingiu como um soco no queixo foi ‘The Last Kiss’. É uma história de dúvidas, de angústias, de mudança de uma fase para outra da vida, como se estivéssemos na beira de um desfiladeiro e tenhamos que escolher permanecer nesta beirada ou pularmos para o outro lado, pois é isto que esperam da gente. É sobre decisões. É sobre deixar para trás.

Afinal, estamos prontos para seguir adiante? E será que é mesmo necessário deixar para trás uma vida para viver outra? Casamentos que ruem por causa de filhos, separações que ruem corações, medos que ruem nossa confiança. Mas, afinal, amar não é ceder? E quem disse que o lado de lá não tem as suas vantagens?

Minto ao dizer que não penso muito sobre isto. Estou com 32 anos, tenho um sobrinho maravilhoso da minha irmã que é mais nova do que eu, estou vendo meus amigos se casarem, terem filhos, e eu, no momento encontro-me no limbo. Minto se disser que não quero isto novamente, pois já tive antes e me foi maravilhoso. Mas também minto se disser que não tenho medo, do que pode virar a minha vida com tão importante decisão.

Medo, é este o maior tempero da vida. Não existe nada na vida sem uma pontinha de medo, muito menos o amor. O amor e o medo caminham lado a lado, pois a comodidade é o pior inimigo do primeiro e o segundo é o ingrediente mágico para acabar com ela.

É, o amor é a razão de tudo. ‘All you need is love’. E é por ele que acordamos todos os dias. Para conquistá-lo ou para mantê-lo. Para descobri-lo ou para redescobri-lo. Para nos propiciar nosso maior sorriso, para abraçar a pessoa amada sem qualquer razão, para o doce sofrimento que só a saudade pode gerar. O amor é o mel e o fel, um completando ao outro. É a esperança, pois pior que a lágrima do amor perdido, é a dor de nunca ter amado.

segunda-feira, junho 29, 2009

The MP3 Killed the CD Stars

Se fala muito que com a invenção do MP3 a indústria musical estaria fadada ao fracasso, agonizando e tudo o mais, mas sou obrigado a discordar. Certo, houve uma enorme alteração do ‘status quo’, os acomodados precisaram se readaptar à nova realidade, mas isto não é novidade nenhuma neste mundo ágil e dinâmico que vivemos. O que hoje é atual, amanhã é peça de museu.

Certo, a indústria dos CDs, como mídia física, sofreu um grande baque, mas isto não quer dizer que a música morreu. Muito pelo contrário, ela está muito mais acessível do que nunca. Lembro que há mais de dez anos, se eu quisesse conhecer uma banda nova, precisaria comprar um CD para saber então se eu iria gostar dela, e muitas vezes eu lia sobre uma e não tinha a menor idéia como era o seu som, pois nenhum álbum tinha sido lançado no Brasil. Já cheguei, em outros tempos, a importar alguns álbuns que eu ‘só tinha ouvido falar, mas nunca tinha ouvido’, para eu conhecer.

Hoje, a facilidade de transmissão de dados permite que eu ouça uma gama enorme de bandas, cantores e cantoras, de todas as partes do mundo e, melhor, permite que eu filtre o que é bom do que é ruim, pois como a quantidade é enorme e o tempo cada vez mais escasso, só o que é muito bom sobrevive no meu ‘play list’. Isto é ótimo por dois motivos: o primeiro é que, com MP3, YouTube, MySpace e outros meios virtuais, não sou obrigado a ser massacrado e massificado por aquilo que a mídia quer me impor (nada contra, é uma forma de se ganhar dinheiro com a música) e a segunda é que me permite encontrar muita coisa boa, que eu jamais teria conhecido se ainda vivesse na ditadura das lojas de CD.

Claro, muita merda vem neste meio, inclusive esta mania besta dos fazedores de moda indies de só gostarem daquelas bandas obscuras da Noruega ou de Laos, e que depois de 15 dias elas já se tornam datadas (culpa da velocidade da informação), mas muita coisa boa eu também ouvi,e me tornei fã. A lista é vasta: Death Cab for Cutie, Ben Kweller, The Decemberists, JJ72, MGMT, Rufus Weinwright, Our Lady Peace, entre muitos outros. E com isso, eu tenho condições de gerar renda de muitas outras maneiras, até mesmo comprando um CD físico destas bandas e cantores, coisa que jamais faria antes do advento da música digital.

O mundo está em eterna evolução, e quem não quer ser atropelado por ele, precisa parar de reclamar e agir.

sexta-feira, junho 26, 2009

Le Roi Est Mort, Vive Le Roi!

Não vou me aventurar a falar nestas linhas sobre o Michael Jackson e seu legado para a música pop. É indiscutível o seu valor e a qualidade de suas composições, além de ter alterado a estética da música, tornando-a, em alguns momentos, muito mais visual, tendo em vista que 'Thriller' foi um divisor da águas na história dos vídeos musicais. Porém, o meu conhecimento da sua obra é mínimo e se restringe ao que a maioria leiga sabe.

Entretanto, algumas coisas são difíceis de não perceber, principalmente a degradação do ser humano em detrimento ao ícone público. O Michael Joseph Jackson morreu faz muitos anos e ninguém se importou. Morreu quando a música e a dança se tornaram menores perante os escândalos com pedofilia, as operações plásticas, o esbranquiçamento da pele, a fábula de Neverland, suas excentricidades. Passou então a ser motivo de piada de todos, sendo tratado mais como uma aberração, daqueles lendários 'freak shows'.

Este não era mais o ser humano, nunca mais foi tratado como tal, até tuas músicas foram relegadas à segundo plano pela imprensa sedenta por tragédias que alimentava um público sádico, onde quanto mais trágico, melhor.

Mas agora ele morreu. E de repente, a figura alegórica desapareceu, restando apenas o cadáver putrefato do que um dia foi um ser humano. Mais de repente ainda, todos percebem que perderam muito tempo privilegiando o ícone em detrimento ao artista, que já não mais habitava aquela casca pálida, e todos estão tristes.

Tristeza carregada de culpa, pois os que hoje choram a tua perda foram os mesmos que fizeram tudo isto com ele. E, indepentente de ser artista ou não, ser talentoso ou não, rico ou não, é (foi) um homem, uma vida que foi atirada aos leões para diversão dos romanos. Panis et Circensis.

Típico de nós, seres humanos, apedrejar o ídolo pra depois chorar a morte dele.

quinta-feira, junho 25, 2009

O Baixista Não Come Ninguém

NOTA: ESSE É UM TEXTO HUMORÍSTICO E, APESAR DE EU NÃO CONCORDAR COM ELE, É MUITO BEM ESCRITO E DIVERTIDO!!! MANIA BESTA QUE TODO MUNDO TEM DE LEVAR TUDO AO PÉ DA LETRA!!!!

Eu não costumo postar aqui textos que não foram escritos por mim, mas este que o Fábio Mendes me indicou é muito divertido. Poderia ler e ficar bravo, como vi que alguns ficaram, conforme comentários no post original, mas a vida é muito chata para ser levada a sério o tempo todo e saber rir de nós mesmos torna tudo isto muito mais fácil.

Não falo em auto depreciação nem se humilhar, mas achar graça nas situações, brincar com elas. Todo advogado é bandido e advogado bom é advogado morto; caipira que fala porrrrrrrta e masca matinho; palmeirense porco; nerd. As pessoas são esteriótipos, e esteriótipos são engraçados. E é possível brincar com eles sem ofender. Esta é a graça da piada.

Assim, 'o baixista não come ninguém', por Brigatti:

- Beleza. O repertório vai ser hard rock anos 60 e 70, certo?
- Pode crer. Acrescenta um pouco de psicodelia com um pandeiro em forma de meia lua. Eu assumo os vocais, já que meus cabelos parecem com os do Mick Jagger na época da majestade satânica.
- Certo, então eu toco guitarra. Consegui solar ontem Stairway to Heaven do começo ao fim.
- Praticamente um Jimmy Page cover...
- Quem assume as baquetas?
- Eu, que sou o mais gordo. Baterista que se preza é gordo. Ou pelo menos o mais gordo do grupo. Se bem que gordo é uma palavra um tanto pejorativa. Na verdade, o baterista é o mais forte, o mais braçudo da banda. Então sou eu mesmo.
- Tu já tem bateria?
- Não, mas consigo uma.
- Peraí. Só sobrou o baixo? Ah, não, nem fudendo. Não vou ser o baixista.
- Porque? É o instrumento mais fácil de tocar, nem precisa de muito tutano. É só ficar num canto, com pose de introspectivo, tipo o John Paul Jones, mexendo nas cordas. Ainda se fossemos uma banda de metal progressivo...
- Não, ! O baixista não come ninguém, vocês sabem disso! É o mais otário, o que sempre fica com as piores groupies. Não, nem vem, não quero ser o baixista.
- Ah, qual é! Pra sua informação, um dos maiores comedores do rock é o Gene Simmons, baixista do Kiss. Ele até lançou um livro contando os casos dele e tal.
- Putz, nada a ver. O cara é o maior nada a ver, o maior cascateiro. Com aquela cara nem a minha prima de Nhandeara dava pra ele.
- Tem o Paul também. O que seria dos Beatles sem o olhar de bagre morto do Paul? E ele era baixista.
- E quem se importa com o Paul? Ele só conseguiu ser menos insignificante que o Ringo. Mas aí também já é chutar cachorro morto. Fora que ele casou com a primeira namoradinha dele ou algo assim. Não, nem a pau, não quero ficar com o baixo.
- Ah, cara, qual é, faz um esforço. Ó, tem o Flea, que é baixista dos Chilli Peppers! O cara é totalmente pirado e a mulherada adora ele!
- Claro, depois do Anthony Kiedis e do Frusciante! Meu, já falei que não quero o baixo.
- Então fica com o pandeiro em forma de meia lua.
- Não, pra isso a gente precisa colocar uma riponga gostosa. Uma não, várias, tipo as GTOs do Zappa. Cada uma com um pandeiro em forma de meia lua, chocalho, uns lances assim.
- É, só sobrou o baixo mesmo. Vamos lá, cara, para de pensar um pouco em mulher e se concentra na música. É por isso que estamos montando uma banda. Pela música. Só ela importa. Ela e seu enorme poder de mudar as mentes de milhares de...
- Putz, cala a boca, cara. Quem tá interessado em música aqui? O lance é fazer um som pra mulherada cair em cima e a gente se dar bem. Corta esse papo de colunista bicha de caderno de cultura...
- Aí, lembrei de outro baixista que, além de tocar, é o vocalista, letrista, e dono da banda! O Humberto Gessinger!
- Nossa, conseguiu piorar tudo. Nem na próxima encarnação vou conseguir fazer umas letras como a dele. Nem uma música tão ruim.
- Tem o Sid Vicious, cara! Quer sujeito mais atitude que ele? E era o baixista!
- É, cheio de atitude e burrice. Enfiou o pé na jaca e morreu. Grande coisa.
- Quem é o baixista do Dream Theater?
- Por esse nem eu me interesso. Não somos uma banda de progressivo, cara, esquece isso. Não vou querer solos de quarenta minutos.
- Então, tão vendo? O baixista é o sujeito mais insignificante da banda! Os Stones nem tinham um baixista fixo. De tão inútil, os White Stripes tiraram e ninguém sentiu falta. O Krist Novoselic não emplacou nada depois que saiu do Nirvana. E os Mutantes acabaram logo que o Liminha entrou para tocar baixo. Então podem parar de tentar me convencer.
- Beleza, então tu tá fora. Pronto, era o que queria?
- Ah, nada mais clássico. Quando aperta uma crise, sacam logo fora o baixista. Não podia esperar nada diferente de vocês. Passem bem.
- , cara, não fomos muito duros com ele? Era só o baixista, não fazia mal algum.
- Conhece aquela história, ? Todo baixista é um guitarrista frustrado.
- E não come ninguém.
- E quem vai dar o grave pra música?
- Coloca um teclado no fundo. Ninguém vai perceber. Tu manja tocar teclado?
- Não. E mesmo se soubesse, não iria tocar. Se o baixista não come ninguém, o que dirá do tecladista. É só olhar o Roupa Nova, que tem dois tecladistas...
- Putz, nem me fale.
- Deixa sem baixo então.
- Por mim tudo bem.
- Não que vá sobrar mais mulher por isso...

terça-feira, junho 23, 2009

Grandes Saltos e a Confrontação

O futuro é sim olhar para trás. Dizer que o que passou, passou é simplista demais, é apenas ver uma face da moeda, uma parte do filme. É julgar um livro pela capa, ou por quantas cópias foram vendidas, sem chegar ao âmago da questão. É se acovardar e achar que as feridas do passado não deixaram cicatrizes algumas, mesmo que estas sejam tão aparentes que afetarão todo o teu futuro.

Não é apenas viver o presente, é saber ver o passado com os olhos de hoje e saber tirar as boas lições, porque por mais que a gente não admita, elas existem, sempre existem. Se o futuro é o que seremos, o passado é quem somos, porque o presente não existe, ele é tão efêmero e instantâneo que, quando percebemos, o presente já virou o passado.

Cada coisa imbecil que fizemos pode nos afetar de uma maneira indescritível, mas que só saberemos depois de muito tempo. Cada trauma, cada experiência mal sucedida, cada falha. Porque é isto que nos torna quem seremos, somos a soma das nossas decisões e atos do passado, a soma de nossos sucessos e fracassos. E isso ninguém toma de nós, para o bem, ou para o mal.

A questão é usar tudo isso a nosso favor, pois somos muito mais do que diplomas de papel pendurados na parede ou guardados no armário, somos muito mais do que ‘experiências anteriores’ anotadas numa folha, somos seres vividos, sofridos e amados.

O que precisamos é transformar as cicatrizes em tatuagens de nossa evolução e, diferente do que muitos dizem por aí, não esquecer as dores do nosso passado e sim nos lembrarmos delas a cada dia, pois sem elas, nada seríamos.

E, por mais boçal que possa parecer, dar um passo atrás para, depois darmos dois a frente pode ser uma boa estratégia. Muito melhor do que sentar na sarjeta e simplesmente chorar, esperando a ajuda divina.

O desfiladeiro é fundo, e outra borda é distante, mas existem outros meios de transpassá-lo que não o óbvio. Afinal, nada mais é a obviedade do que uma parceira de boteco da mediocridade e do comodismo.

Nunca é tarde, já que apenas podemos mensurar o passado, mas nunca o futuro.

quarta-feira, junho 17, 2009

Monotemático

Porque hoje é dia de mais uma decisão na Libertadores e é foda pensar em outra coisa que não seja isso.

sexta-feira, junho 12, 2009

Home

Ontem, noite chuvosa de feriado, fui até o cinema assistir ao filme 'Minhas Adoráveis Ex-Namoradas', nome ridículo para uma comédia romântica que nada mais é que uma adaptação moderninha para o 'Um Conto de Natal' de Dickens, com a mudança do pecado, trocando a avareza pela luxúria.

Comédia levinha, bem divertida, com passagens engraçadas, muito romance água com açúcar, final feliz e previsível, enfim, programa muito recomendado para um dia dos namorados ou pessoas que acreditam que o amor muda tudo e supera qualquer coisa.

Mas, não é sobre isso que quero falar, sobre amor paixão e o caralho, porque eu ainda sou uma pessoa solteira, sem vontade de namorar e tudo isso aí, mas teve uma passagem do filme que me tocou, super rápida, mas que me atingiu. No final do filme, no brinde do padrinho, o personagem principal, solteirão convicto, fala para o irmão, noivo e único parente vivo, que ele está feliz com o casório e que os pais deles, onde estivessem, estavam felizes com tudo isso.

Estou numa fase bem complicada profissionalmente, mas tudo isso se amplifica assustadoramente quando parte do fato que nos últimos anos eu trabalhei com toda a minha família, ou seja: pai, mãe e irmãos, num mesmo e problemático ambiente profissional, gerando um caos que, inevitavelmente afetou o relacionamento familiar. E muito.

E para mim tudo isso é uma grande merda, porque eu amo a minha família, sempre tivemos um relacionamento muito bom apesar de tudo e, de uns anos para cá, este relacionamento veio ruindo ao ponto de eu brigar todos os dias com eles e precisar sair da empresa e de casa pra não virar um problema maior.

Hoje estou num momento de transição. Morando em SP, trabalhando meio que sozinho (ainda ajudo algumas coisas lá) mas ainda não consegui eliminar meus demônios interiores. E me dói muito quando eu vejo momentos em que a família se reúne com alegria e paz, pois eu já me esqueci do que é isso. E é a coisa que eu mais sinto falta na minha vida.

Hoje é dia dos namorados? Dia de falar ou demonstrar sentimento? Falar sobre amores?
Ótimo, então eu falo sobre isso, não tenho pudores. Já tive diversas namoradas, todas as vezes que eu disse "eu te amo" foi do fundo do meu coração e de todas elas eu trago ótimas lembranças. Mas o maior amor da minha vida é a minha família e, por mais que eu reclame deles, brigue, xingue, perca a paciência, é aquela porra da dualidade amor e ódio.

O principal motivo que eu odeio a situação pelo qual eu passo não é a falta de grana ou ter que trabalhar muito e aguentar humilhações e ironia das pessoas, mas sim o que tal fez com a nossa relação familiar. A pior merda da minha vida hoje é não conseguir sentar numa mesa para jantar e conversar qualquer coisa que não seja trabalho ou lamentações provenientes dele.

Então, dói demais ter que mudar da cidade e não ter vontade de visitá-los. Dói ficar longe dos meus pais, meus irmãos e meu sobrinho. Dói mais ainda saber que quando eu os encontrar, agora, nada vai ter mudado e o clima vai estar pesado, e que não haverá nada de bom para conversar. Mas é isto que me faz lutar. Não quero ficar rico, não quero ganhar fortunas nem atingir algum posto de status, eu quero é enterrar tudo isso e recuperar o que eu já tive.

Quero conversar com meus pais numa boa, ir a jogos com meu pai e meu irmão, ficar falando sobre minha vida com minha mãe, ir a shows com meus irmãos e, finalmente, poder curtir o meu sobrinho em paz. No fundo, é para isso que eu luto. Se eu tivesse a escolha de abrir mão de qualquer coisa na minha vida para conseguir isso, eu faria, imediatamente, sem qualquer concessão. Abriria mão de qualquer sonho, de qualquer conquista extra, para resolver toda esta questão, pois não há dor maior que ver tua família desmoronar e você não poder fazer nada. Bom como, creio, não há alegria maior do que vencer tudo isso, unidos.

quarta-feira, junho 10, 2009

The Day I Tried to Live

O dia dos namorados está chegando. Ponto. Não me arrisco a contar peripécias ou decepções amorosas por aqui por dois motivos: primeiro que a Alê tá fazendo isso primeiro e muito bem, segundo porque eu realmente não tenho tanta coragem de me expor. No fundo eu sou um cara envergonhado e também não tenho muito orgulho deste meu passado, assim certas coisas devem permanecer muito bem escondidinhas.

Porém, o foco é o dia dos namorados em si. Já passei diversos acompanhados, diversos desacompanhados. Neste ano passarei sem patroa, a pensão está sem dona e acho que não será o último destes dias que passarei sozinho, já que namorar não está nos meus planos a curto prazo.

Ok ok, muitos virão para dizer que certas coisas não se planejam e que esta é uma delas, e eu concordo, mas convenhamos que você estar receptivo ajuda em muito no processo. Mas, sem mágoas. Os namoros que tive me trouxeram mais coisas boas do que ruins, cada um do seu jeito e graças a Deus consigo manter uma relação saudável e amistosa com a maioria delas.

Mas o dia dos namorados está chegando e eu não sei o que vou fazer. Para mim, é um dia como outro qualquer, já que não sou muito ligado em datas comemorativas. Então, qualquer plano está valendo.

E o bom é que eu não vou precisar comprar presente pra ninguém, já que tô duro pra caralho!

segunda-feira, junho 08, 2009

Poesias

Eu sabia escrever poesias, quando eu tinha por volta de 20 anos. Depois, nunca mais consegui, mas não custa nada postá-las aqui.

Poesias

Novo Conto

Novo conto publicado: A Redenção
Não, não foi nada, não senti nada, pra que chorar?

sexta-feira, junho 05, 2009

Please, Don't Kick Me

Continuando no mesmo tema do post anterior, cada vez mais eu estou convencido que nossa vida daria um seriado muito engraçado, porque, queiramos ou não, fazemos um monte de merdas, temos ótimas histórias e damos altas risadas quando nos encontramos. Não é a toa que este núcleo é amigo há pelo menos 10 anos.

Então, conversando besteira com a Lara pelo MSN, resolvi começar a brincar com isso. Escrevi uma breve descrição de cada personagem e do ambiente e mandei pros manés. Tenho certeza absoluta que eles vão me xingar, mas vão se divertir, porque um dos nossos programas preferidos é contar histórias uns dos outros. E haja história.

O motivo de ter escrito isto aqui? É pra encher o saco mesmo. Mas, quem sabe, um dia isso não vira uma boa série, uma vez que certa vez isso começou a ser feito, com outros amigos, mas não deu certo porque aquele povo não sabia brincar. E este aqui sabe!

quinta-feira, junho 04, 2009

Seriado da Vida Real

A minha vida com o Du aqui no apartamento daria facilmente um seriado, daqueles mais engraçados possível. Tenho vontade de anotar tudo o que acontece e, um dia escrever um baseado em nossas experiências (floreando um pouco, claro).

Que Friends o que nada!!!

terça-feira, junho 02, 2009

Realocação Profissional

Quem foi o cara que disse que experiência é uma coisa boa? Está certo, normalmente é, mas as vezes pode jogar contra você. Sou formado em direito desde 1999, minha OAB data de abril de 2000 porém, desde o final de 2002 deixei de ser advogado em tempo integral. Menos ainda, neste período acompanhei uns poucos processos, a maioria que eu tinha proposto antes de me afastar, assinei uma ou outra coisinha nova e dei algumas consultas preventivas.

Mais ou menos na metade do ano passado, eu estava desanimado com a falta de perspectivas com meu emprego na época e louco para voltar a morar em São Paulo, então não me restou outra alternativa a não ser tirar o diploma do armário, tirar a poeira dele e montar um currículo.

Sou formado em uma faculdade do interior e sem qualquer tipo de pós graduação, o que fode com meu currículo, então, tive que enfiar o orgulho no bolso, bem guardadinho, e me candidatar às vagas de advogado júnior. Para entender melhor, advogado júnior é aquele recém formado, e lá estava eu, com 8 anos de experiência me candidatando à mesma vaga.

Meses, sem ser chamado para fazer uma mísera entrevista de emprego, até que um dia me ligaram. Fui até a empresa de rh, eu e mais sei-lá-quantos-mas-eram-muitos, de todas as idades, sentados numas carteiras de escola, respondendo uns questionários e depois aguardando pela entrevista em si. Depois de umas quatro horas de espera, fui chamado para conversar com a entrevistadora. Ela olhou meu currículo, conversou sobre as experiências, e soltou que eu era muito qualificado para a vaga, que pagava pouco e, desta forma, eu provavelmente sairia da empresa na primeira oportunidade.

Descobri então que eu estou no limbo profissional. Muito qualificado para algumas vagas, pouco para as outras. Mas, então, onde eu me encaixo? Que merda é essa?

Foda, preciso de uma pós urgente.