quarta-feira, outubro 22, 2008

O Poder

o poder corrompe, e o poder absoluto corrompe absolutamente
Nicolau Maquiavel - O Príncipe


Maquiavel estava certo, e tal é uma premissa que nunca vai mudar. Desde o início dos tempos, o homem buscava e temia o poder. Buscava por motivos óbvios e temia deixar-se corromper por ele.

Esse final de semana eu finalmente conseguir assistir a um dos mais famosos e elogiados filmes de todos os tempos, "O Poderoso Chefão". E foi grande estilo, no Cine Sesc, numa versão restaurada. Realmente, é um puta filme!

Mas o que tem a ver Maquiavel com Coppola? O que tem a ver "O Principe" dele com "O Poderoso Chefão" do Mario Puzo? Na verdade, tem tudo a ver. Como todo mundo sabe (e agora até eu sei), o personagem do Al Pacino, o filho mais novo de Don Corleone, passa a maior parte do filme demonstrando claramente que não quer fazer parte da 'rotina' da família, não quer seguir os passos do pai, não quer ser o novo 'capo' e sim seguir uma vida normal, com sua namorada. Ou seja, ele não quer ser um mafioso.

Com o decorrer do filme, fatos vão acontecendo que, supostamente, o fazem ir de encontro ao seu destino, tendo que se envolver com a máfia, até que se vê envolvido de uma tal maneira que não há como voltar atrás, e acaba corrompido. Porém, pode-se ter outra visão da história, e eu acredito que seja essa que o Mário Puzo quis contar.

Ao final do filme, rememorando todas as passagens, fica muito claro que o Michael está predestinado a suceder ao pai no comando, e as suas atitudes demonstram que ele sabe muito bem disso. Mas ele tem medo. Tem medo de se transformar no momento que assumir essa responsabilidade, pois os poderes que vêm com o cargo são muito tentadores, o poder de manipular, ameaçar, conquistar, matar. A ganância, o orgulho, a cobiça.

E esta dualidade, entre a tentação pelo poder e o medo das consequências desaparecem por completo quando a sua esposa italiana é assassinada, é a 'desculpa' que ele tanto precisava, o seu auto convencimento, para poder enfim seguir o seu destino, coisa que faz muito bem.

Alguém dizer que não será corrompido pelo poder é o mesmo que dizer que vai caminhar na neve e não sentirá frio. O poder corrompe, sempre corrompeu e vai continuar corrompendo para todo o sempre. O poder tem a capacidade de extrair o pior de cada ser humano, faz com que ela esqueça suas raízes, sua moral, sua consciência.

Fama é afrodisíaca, dinheiro é relaxante, mas o poder, como o próprio nome diz, é o topo da escada da vida. O resto, vem por conseqüência.

3 comentários:

Carolina Molina disse...

E justamente por isso Al Pacino como Michael Corleone é uma das maiores atuações da história do cinema....

Fábio Vanzo disse...

Sobre o filme, nem preciso dizwer nada. Pacino, Caan, Brando, Shire, Cazale, Keaton, todo mundo no auge da forma. Coppola ainda sabia fazer filmes decentes.

E o poder é o que corrompe o ser humano, por isso somos "sonhadores" que imaginamos o mundo abaixo, with no possessions.

Anônimo disse...

Cara, você ainda não tinha assistido esse filme?